sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Midnight Train to Presov

E finalmente, meses depois de termos começado a planear o SVE, partimos a caminho da Eslováquia. Em apenas um dia estivemos em 4 capitais europeias: Lisboa, Amesterdão para fazer escala, Viena, autocarro para Bratislava e, por fim, comboio para Presov.



A nossa chegada à Eslováquia foi fortemente marcada por uma realidade de que não estávamos à espera: um País do Leste Europeu que sofre de uma vincada falta de estabilidade política, cultural, económica e social, onde ninguém - salvo alguns jovens - fala Inglês. Para nossa surpresa fomos recebidos pelo Lukas, um rapaz com quem falámos durante meses e que nunca soubemos como se parecia. Afinal era apenas um rapaz com quase 30 anos e um andar desengonçado, licenciado em Direito e funcionário da PriceWater Coopers. Foi a nossa maior ajuda em Bratislava - o Eslovaco é completamente incompreensível - e foi incansável ao mostrar-nos a cidade. Bratislava é uma cidade pequena e escura. A rudeza das suas formas arquitectónicas marcadas pela influência soviética contrasta com alguma animação nas ruas e nas esplanadas, sem nunca se perder de vista a sujidade e o cheiro das águas paradas do Danúbio. 

"Nobody knows Slovakia, nobody cares". O Lukas é de uma geração que será o futuro do seu País, conhece a sua realidade e encolhe os ombros ao dizer que tudo ficou na mesma desde a independência com a República Checa e sabendo que economia vai de mal a pior. 

Cheios de vontade de experimentar algo novo, a nossa primeira refeição foi McDonalds: não tivemos tempo para melhor e foi já quase no dia seguinte que embarcámos no comboio nocturno para Presov. 
Só quando alugámos toda uma cabine com camas em beliche e nos tentámos empacotar com as malas lá dentro é que percebemos porque é que o Lukas se tinha rido quando lhe perguntámos se o comboio tinha wireless. Ao jeito dos anos sessenta, os ferrolhos, tapetes, cortinas, colchões e funcionários tinham a sua idade e o seu odor característico, uma cor pálida e gasta de viagens sempre iguais.

  
A noite não foi fácil mas valeu pela quantidade de coisas que comentámos e das quais nos fartámos de rir. A nossa chegada a Presov, às 7:00 da manhã, fez-nos sentir o cansaço no corpo e a rabugice na cabeça, que se foi agravando à medida que aumentava o peso das malas, o calor, as distâncias, os autocarros e as placas informativas com palavras imperceptíveis, os agentes turísticos com 70 anos e com um inglês demasiado profundo para a nossa compreensão e a consciência de que tínhamos acabado de chegar a uma cidade/vila/aldeia fora da nossa realidade Portuguesa e da nossa imaginação.

Conseguimos encontrar Barlicka no meio de um jardim nos arredores urbanos da cidade, por entre edifícios em ruínas e prédios demasiado coloridos. Fomos perguntando aqui e ali, aos bochechos. Sucederam-se os "Portugal?! Ano, Ano (sim, sim) Cristiano Ronaldo! Dobre.. (bom)," e os goles de vodka e cerveja. Eram 9h da manhã.




Chegámos, já conhecemos muito e muitos e temos muito para contar. Presov merecerá também uma descrição mais pormenorizada e um pouco mais da nossa atenção de agora em diante. Por agora nós merecemos descanso. Dobre Rano! 

3 comentários:

  1. maria leonor Furtado Oliveira3 de agosto de 2013 às 02:21

    Queridos sobrinhos

    é tao bom e comovente ler o vosso diário.....pf sempre que puderem contem-nos a vossa nova vida

    Bjs Tia Nô

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  2. Pelas fotografias o ar é de felicidade. E que bom chegaram!!!!
    E agora nada de descanso, toca a trabalhar, queremos saber tudo de Presov. Dobre Rano! (seja lá isso o que for(?))
    Beijinhos M.

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  3. O Cristiano Ronaldo é um clássico ahah. Estou neste momento a viver na Grécia, mais precisamente em Nea Moudania e a primeira coisa que nos dizem quando dizemos que somos de Portugal é Cristiano Ronaldo e Euro 2004 ahahha

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